(o poder de um olhar certeiro)

Cobrem-me a testa uns cabelos espetados. com os dedos abertos, deito-os para trás. Não há remédio: como se fossem as páginas de um livro novo, tornam a eriçar-se e a cair-me para os olhos.

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O cano da salamandra está enfaixado com um trapo, como um joelho.

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Sinto-me ligeiro, como nos sentimos no primeiro dia em que saímos sem sobretudo.

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Dei alguns passos com a claridade do escritório do hotel nos olhos.
Caíam gotas no chão, nunca uma sobre a outra.


Emmanuel Bove, Os meus amigos, trad. de Manuel Resende