[sem título]



«Nature in the old sense does not matter. It does not exist.»



o que abre pelo
equívoco e muito aberto
escancarado se desenrola
na circunstância gregária do fogo
sangue terra crime bom
dia boa noite enquanto se treinam
artes de pneumónica avançada em estádios
ocupados no estilhaçar de nomes a ritmo
normal se formos aos registos do
guarda-livros apanhado da mona
estacas transplantadas p’la paciência
nocturna aceira maneira de fazer chiar
rodas de calendário de ratos que na busca
da fractura no elmo laboratorial
se deparam com a (palavra ilegível)
labirintologia i.e. um dia
houve tempo para esta ou
aquela regra no comprido
corpo da fita ininterrupta
e vencido o desafio da última
página do suplemento
encontramos esse ponto seguro sempre
referenciado nos simulacros empresariais
para sismos que não vêm e na lacuna
tudo na mesma mais
verde menos verde
e se alguém tropeça na regeneração
como resultado prático da
«observação da dor alheia»
nos aspectos a considerar erros de transmissão
cifras escondidas na estática do filme
e se encosta à bem-intencionada reconstituição
das últimas horas da última vida
do báculo à betoneira ao fio oscilante
lacrado na refulgência de oliveira
se tomba
enfim na toca pronta a emudecer o canto dos
olhos logo bate à porta a mão que na espádua
alheia relembra: meio dedal
de corcódea = meia centena de berlindes
perscrutantes que atravessam contabilizam
suor dúvidas flutuações a cores e se o texto
anuncia batedor com missiva esperançosa
– o primeiro passo para tudo rumar ao abandalho –
convocam-se os martelos pranchas pregos
e entaipa-se tudo para que no fluxo contínuo
da época do nojo do sublime engulho
nada se perca e já de acabamentos feitos
à clareira o que é da clareira
aos enfermos o que é dos enfermos

uns dão meia volta e voltam para os seus
buracos outros invadem as ruas de sorriso armado
alguém atraca a barca onde pode para na margem
se medir e ver se medrou ou mirrou
entre dores nas cartilagens roupa
apertada escadarias e restos de
pena de anjo
agarrada ao rubro incisivo 

& desligo o interruptor
para no vertical corte perolado
ler a vermelho Intervalo
salvífico sinal
dos ainda não consumidos pelas
chamas cínicos expectantes
seja breu coalhado no
pote seja a inesgotável ciência das
nuvens da consciência colectiva
actualizada das metrópoles

§ 

trata-se pois de sublinhar o tratado pelo lado
turvo consanguíneo trejeito da repartição da noite
pelo arado privado das cabeças anónimas
mesmo que por entre benfazejos intentos no
umbigo do lameiro não se dobre uma esquina
ou rego mas um cabo de alimentação

§ 

bom dia boa noite as vezes necessárias
pra tamanha travessia de cabo retesado na singular
idade que dá os necessários passos acima das
mil cabeças aparvalhadas originando um rol
de apostas do milagre consumado ao nariz 
pingado de sangue ininterrupto

§ 

nada a temer se a ironia nos socorrer e nos
lembrarmos que também nós
pequenas impressões espetadas na prancha
temos préstimo na excelsa ciência
de montagem que no intervalo particular
das nossas vidas nestes dias alguém legendará:
«migration of the ancient gods, again»

§ 

tocar no bordo das palavras empíricas
chegar à mornidão do ponto
1.1 sobejamente reconhecido por
não ter em si nem intento nem resposta
só embalo espreguiçando-se
aos sete ventos aceleracionistas
– comunidade textual / horda do ódio / chungarias várias

§ 

trata-se então da honorável tarefa de partilhar
segredos p’los ouvidos encostados ao colo do dólmen
& sobreviver a quase tudo
o dia, a noite, o inferno, o inverno

§ 

aguardar o sinal definitivo
para desavergonhado cavalgar