Dylda

No início, vagueamos por esses corredores um pouco tontos pela magnificência da luz e do tratamento das cores. Pouco depois o laço afrouxa para respirarmos, e encontramos-nos no centro do macabro. Invalidez e falta de palavras por todo o lado. Uma animalidade com vestes de camaradagem.

Seguindo pelo túnel os pirilampos epocais vão-se apagando, a minúcia do cenário, e das vestes, fica, de facto, esquecida. Não estamos afinal nesse limbo desenhado pelo italiano onde às crianças prematuramente mortas se juntavam as personagens de Walser. Não poderíamos aí chegar... e se o achámos é por termos sido confundidos com diálogos quebrados e palavras não ditas, neve e bafo de gente que apenas segue para diante sem saber como ou porquê. Passámos, isso sim, pelo ângulo cego, atalhámos, sem saber que atalhávamos, rumo a essa gente que está morta por dentro mas espera a redenção para que vida floresça uma última vez. Uma vida por vir, uma oferenda que para ser entregue sacrifique mensageiros, geografias, o estabelecido. Chegámos aos espectros que anseiam o milagre de voltarem à carne e osso.

(e pensar que umas horas antes, à mesa de um café indistinto na Alameda, se menosprezava, injustamente, a cor verde. Se ainda alguma dúvida permanecesse - a única alternativa é, foi, a reconciliação)