o outro lado dos que estão neste, juntos a nós

Ou eu ou a L., enquanto tentávamos tirar partido do primeiro rolo analógico que nos calhou no caminho, queimámos algumas, poucas fotografias. Depois de ver o resultado desses tiros fora do alvo comecei a rememorar o evidente: o quão misterioso pode ser o outro lado das coisas para que não possa ser captado, enjaulado por um instante?


E vieram-me à memória alguns planos de cartografia de sítios inexistentes, dos quais presenciei as  mais fantásticas, fantasiosas, reuniões preparatórias. Sou sempre dos afortunados que assistem ao planejar de projectos que de tão belos nunca poderão ser plenamente concretizados. Um pouco na esteira da obsessão de Strindberg em registar a alma da dança estelar;

que, no seu caso, metamorfoseou-se ao longos dos seus últimos anos numa passada lógica, ditada pelo avanço das novas ferramentas de representar o real ainda não totalmente desencantado. Já antes se adivinhavam algumas destas ânsias no pincel...


... talvez, tudo dependa das mãos. Que movimento lhes propor quando as nossas investigações esbarram em becos sem saída e o sapateado dos perseguidores já se faz ouvir. Dançar ou escavar, velar o céu ou seu contrário.